6.11.10

ânimos exaltados!

porque a minha família é muito engraçada. as eleições acabaram por exaltar os nossos ânimos d'um tanto... e tomaram nosso tempo e nossos espaços de discussão ou pensamento. então dia primeiro de outubro a minha irmã disse que não discutia política nem sob tortura. o que me faz crer, passadas as eleições, que ela se sentiu torturada pelo tipo de campanha desenvolvida pela oposição. mas foi tanto torturada que se viu obrigada a discutir e perder amigos, até. e foram discussões apaixonadas e apaixonantes. porque por ali os ânimos também se exaltaram. de meu pai não há nem o que dizer. ele perdeu amigos, fato. e discutiu tanto política que ainda discute com os próximos quatro anos já garantidos. meu avô diz que o lula é uma pedra no sapato dele. snifs. minha avó [ambos não votam] vai a aula de costura todas as quartas e lá se encontra com outras quatro mulheres que também vão costurar. e entre um botão e um alfinete uma lá começou a falar mal da dilma, dizendo que ia piorar, que democracia, todo aquele blablabla. então que ela virou para a minha avó, professora aposentada, daquelas que ia para a avenida paulista protestar contra o governo do estado que não investe em educação pelo menos desde o século passado, e perguntou: a senhora não acha? a minha vó, pessoa com quem tenho que aprender muito de sabedoria, olhou p'ra ela e disse: eu sempre votei no pt. silêncio. a professora de costura na hora introduziu os botões na conversa e mudaram o rumo da prosa. meu avô sempre diz que a mulher dele é isso e aquilo de teimosa. então que a mulher do meu avô, a minha avó, indo embora p'ra casa depois da aula, vira para a outra senhora, todo mundo muito animado e bem humorado e diz, tiau, boa semana e que vença o melhor! e riu gostoso. o meu avô gosta muito de todas nós. mas diz aquilo do lula. então que a minha mãe tem um blog com um amigo que traz fotos e textos. o amigo é repórter fotográfico e tinha fotos fresquinhas das eleições. como nós não somos apartidários e nem queremos ser, foram postadas fotos de um ato pró dilma em que pessoas várias carregavam no peito a sua escolha. o meu avô rompeu porta adentro e disse para a filha dele, minha mãe: vocês não podem fazer isso! muito bravo ele ficou. disse que o blog perderia leitores, como que podia? acho que ele se sentiu traído, tão admirador do chiarosscuro que é. a minha prima, numa conversa telefônica, esbravejava dizendo que era totalitária e que não entendia. aiai. nós por aqui entendemos o seu sentimento e compartilhamos! a minha irmã, seguindo nesta linha, disse para outras tantas pessoas que não discutia política, deve ter dito isso ainda no começo de outrubro... então a sócia dela, uma das para quem ela disse aquilo, entrou no facebook e se deparou com uma página apaixonada e acalorada na discussão política. ninguém falou palavra. a sócia perguntou o que os meus pais, educadores desde sempre, achavam do fato do lula não ter estudado. irmã minha respondeu e nunca mais trataram do assunto, uma seguiu discutindo o que não discutia e a outra voltou dias depois, já com a vitória e disse, seus pais devem estar felizes. e seguiram a vida. a minha prima, a mesma, com o facebook dela... uma amiga um dia vira e diz: nossa, seus amigos discutem bastante política. eis que ela respondeu: er... hum... não são meus amigos, é a minha família. e irmã dessa prima foi mais contida na campanha. mas fez sim, porque somos todos sangue do mesmo sangue. e o namorado dela também. dividíamos vez ou outra as indagações e não compreensões. e seguimos a vida. lá mais longe, na família que chegou depois, márcia e mário, pais da minha madrasta, estavam emum ponto de conflito pois marcinha queria votar e mário não queria votar em ninguém. marcinha pediu um voto de compromisso a mário, que domingo foi às urnas escolher dilma em nome de um amor de muitas décadas. márcia tascou-lhe um beijo no rosto. e mário disse que foi um dos momentos mais felizes de toda a sua vida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Passadas as eleições, continuo totalitária... rs!

Quanta poesia e companheirismo nesse ato do Mario! Lindo!

Beijos, fefê.

Rosaura Soligo disse...

Mô?
Já te disse hoje que te amo?
Foi?
Tá.
Saudações.PT