28.4.11

quando a vida sorri...

Porque geralmente é por vias tortas, por caminhos esquisitos, mas a vida é bem legal comigo. Eu quase contei dois anos de calendário sem casa. A minha mãe pedia a mala de volta e eu dizia que eu sentia muito, mas que era meu armário e eu não poderia devolver. E foi. Por um tempo grande maior do que eu gostaria a mala foi o armário. Foi a casa. Foi a história. Um dia eu devia estar tepêemicamente atacada e foi assim que eu tirava as minhas roupas a-mar-ro-ta-das de dentro da mala e chorava e dizia que não era justo uma coisa assim, eu namorava na época e eu olhava p’ra cara dele aos prantos e chorava mais ainda. Tem p’ra base de mais de ano. Hoje as coisas mudaram de figura. Nem tanto pelos namorados que outro dia tomei bronca da Vanessa, leitora, dizendo que é p’ra eu esquecer esses moços passados. Deve ser melhor mesmo. Mas é que eu sou namoradeira de tempo e não de muitos, então mais tempo da vida é com do que sem. Mas eu parei. Nem gosto de tomar bronca, então vou evitar até pensar no assunto! =P Mas é que domingo, 17, eu assumi a casa. Eu fiquei no apartamento da irmã, que queria ganhar o mundo sem o tempo escorrer pelas mãos. Ela queria mais. E eu fui oportunista no melhor sentido da palavra e da vida e fiquei por aqui, herdei o contrato de aluguel, a geladeira, o fogão, e o recém descoberto vazamento de água do vizinho e tudo que eu já contei. Agora serão tempos de mudanças, literais, móveis, cor nas paredes, cortinas, assumir mais dívidas, ser mais e mais feliz. Eu contei que eu olho ali e vejo o mar. É um pedacinho, mas dá p’ra ver o sol refletido e é tão bonito. O mar de Botafogo. Da outra sacada eu vejo o Cristo. E nem gosto tanto quando eu vou lá em cima, mas vê-lo de longe é a certeza de estar no Rio de Janeiro e toda a sua beleza. Então que muito justamente a irmã levou a TV. Levou a internet também. E eu fiquei assim assim, sem acessos. O Ipod foi fundamental, fosse limpeza da casa, ninar o sono, acordar mais uma vez, eu ouvi muita música por esses dias. E o Chico, ah o Chico, me fez companhia todo o tempo. E Lenine. Então não fosse o fato de eu ter mandado recado pedindo o Lula em casamento, poxa, acho que eu me arranjava em matrimônio com o Chico. Certeza que sim. Ainda que Chico Buarque seja o nome do meu futuro bulldog, quando Marieta Severo for minha bulldoga. Sobre o apartamento posso dizer que Chicote e Maricota ainda não existem, só em meu coração. E num diálogo travado sobre os dois, eis que o Leo diz que Maricota é simpática e que Chico Buarque até combina porque o cachorro parece sensível e inteligente como o Chico de duas patas. Own. Pausa no assunto bulldog. Simmons, o colchão, me faz feliz toda noite. O ventilador primo irmão do de São Paulo, que faz afu bem forte, também faz feliz. Porque o verão no Rio de Janeiro geralmente se esquece de ir embora. A roupa de cama é um abraço e eu me rendi ao rosa na capa de edredom! O meu sofá ainda não chegou, mas o corpo se estica no que ainda está. Olho para o closet e tenho a impressão de que os 50 cabides que eu comprei em São Paulo não fazem nem cócegas. #Medo. Estou esperando o inverno chegar para podar a plantinha da varanda, que anda fraca, de folhas só nas pontas. E há a esperança da orquídea também sorrir. Eu quero pintar um móvel de ferro que eu também herdei, quero uma cor bem linda, mas não consigo decidir qual, Pink? Roxo? E tem o lustre que a gente vai colar igual ao da Artefacto [?]. E o desejo de uma foto-presente na geladeira. E o balde Pink de roupa suja, por hora. E tantas coisas. Feliz em dizer: mãe, pode vir buscar a mala. Agora eu tenho um closet p’ra chamar de meu.

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